Legislativo municipal vota em tempo recorde projeto que amplia despesas em mais de R$ 2 milhões anuais, enquanto população lota sessão em manifestação contrária
Diante da maior mobilização popular do ano, a Câmara Municipal de Cataguases, sob a presidência de Vinicius Machado, o Vinícius da Taquara, aprovou em segunda e última votação o Projeto de Lei Complementar nº 8/2025, de autoria da Mesa Diretora, que escancara a criação de novos cargos comissionados no Legislativo. A aprovação, cercada de críticas, foi despachada em uma das sessões mais rápidas de 2025, com a duração de apenas 19 minutos e seis segundos, um tempo irrisório que sugere uma tentativa de abafar o debate sobre o notório aumento da folha de pagamento.
Em um ambiente de notável tensão, e com reforço policial, solicitado pela própria Mesa Diretora, o projeto foi aprovado por 11 votos a 2. A votação nominal, que ignora o clamor público, registrou apenas a oposição dos vereadores Júnio Valentim (PDT) e Cristina Santos (PT). Dois vereadores se ausentaram: Ricardo Dias (PV) e Felipe Ramos (Avante). Com esse resultado, o Legislativo municipal impõe à população um pesado acréscimo de mais de R$ 2 milhões anuais nas já elevadas despesas com sua folha de pagamento, um gasto que contrasta com as necessidades urgentes do município.
A rapidez da deliberação chamou atenção. Observadores presentes no recinto provisório da Casa notaram que a execução dos hinos nacional e municipal consumiu mais tempo do que toda a votação. O projeto não foi objeto de debate antes da aprovação final.
A movimentação dos parlamentares também gerou questionamentos. Grande parte dos vereadores optou por acessar o plenário através de uma entrada lateral, evitando o contato direto com os cidadãos que aguardavam na área principal. Durante a sessão, a disposição das cadeiras mantinha os legisladores de costas para o público presente, mostrando que não apenas a noite estava fria.
Entre os manifestantes que compareceram para demonstrar descontentamento, estavam cinco ex-vereadores: Hercyl Neto, Maria Ângela Girardi, Rafael Moreira, Rogério Filho e Paulo Aritana. A ex-parlamentar Maria Ângela Girardi sintetizou a percepção do grupo ao afirmar que a posição física dos vereadores na sala (de costas para o público) refletia simbolicamente o distanciamento em relação às demandas populares.
Dados de uma consulta realizada pelo Portal Mídia Mineira indicam que 94,4% dos participantes se posicionaram contra a proposta, enquanto 4,2% manifestaram apoio e 1,4% declararam não ter opinião definida sobre o tema. Os números evidenciam a divergência entre a decisão tomada pelos representantes eleitos e o sentimento predominante na comunidade.
Alguns parlamentares chegaram a utilizar as redes sociais, antes da votação, para explicar suas escolhas. O argumento apresentado foi que a medida padronizaria o número de assessores em dois para todos os vereadores, uma vez que parte do grupo já dispunha dessa quantidade de auxiliares. A justificativa não mencionou a possibilidade de redução dos assessores como alternativa à ampliação de despesas, ou seja, para corrigir um problema eles optaram por gerar mais gastos.
O cenário expõe uma tensão crescente entre o Legislativo municipal e parcela significativa da população de Cataguases. A aprovação do projeto em meio a uma crise de confiança nas instituições públicas e em um contexto de contenção orçamentária tende a ampliar o desgaste político dos vereadores que votaram favoravelmente à proposta.
A questão agora se volta para os próximos passos do processo legislativo e para eventual sanção do Executivo municipal. Resta saber se haverá algum veto, judicialização ou se os novos cargos serão efetivamente implementados a partir de janeiro conforme aprovado pela maioria da Câmara.
Por Mídia Mineira.
Entre para o nosso canal no Whatsapp: Clique aqui
0 comments:
Postar um comentário