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    sexta-feira, 19 de abril de 2024

    CARTAS DA PROVÍNCIA - Capítulo 05 - De novo novamente

    Crônica de Chico Aguiar

    ATENÇÂO: “Esta é uma obra de ficção, qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência”.

    Ufa! Começamos uma nova semana, ainda bem. Na anterior acabei sofrendo um pequeno acidente que, logicamente, não estava nos planos. Na verdade, confesso que a culpa foi totalmente minha. Tudo reflexo da correria nossa de cada dia. Aconteceu que na quarta-feira passada estava atrasado para viajar para Cataguases. Na correria fiz a mala e sai em carreira para o ponto de ônibus da Hilário de Gouveia, em Copacabana. Até aí tudo bem. O meu problema ocorreu na chegada, na Comandante Garcia Pires. Atrasado, ao descer do veículo, não reparei que a alça de minha bolsa enroscou na barra de apoio, que não estava parafusada, junto à porta do coletivo. Ao levar o pé na calçada o motorista arrancou. A alça se rompeu e fui jogado na sarjeta. Na queda bati com o joelho no chão e me esparramei sobre o passeio. Resultado: perdi o ônibus e ganhei um joelho inchado. O retorno a Copacabana foi de táxi, mas antes passei na Drogaria Qualidade de Vida, no Santo Cristo, do meu amigo Alexandrino. Um curativo e pomada de arnica. Dessa forma recebi o e-mail de Joel dessa vez em terras cariocas. E não irei mais tomar o tempo de ninguém. “ Time is Money”, tempo é dinheiro, uma expressão muito utilizada, mas que poucos sabem que é de autoria de um dos pais da independência dos Estados Unidos. A frase original é de Benjamim Franklin em seu ensaio “Conselhos para um jovem comerciante”. E, como manda a tradição recém-nascida, no sábado, de perna para cima, recebi o e-mail que nos conta da vida na mineira Morro dos Carcarás.

    É assim:

    “Meu amigo Chico, certamente que Morro dos Carcarás merece entrar para o livro dos recordes Guinness como cidade surreal e de fatos insólitos que nunca uma pessoa em sã consciência iria crer. Mas assustador mesmo é que tudo envolve a tão necessária política. Tenho certeza de que muito do que aqui relato é verdade. Você sabe de que não sou afoito às artes do Barão de Munchausen. Mentira? Não é. Verdade. Tudo aqui corre em torno da capacidade da cara-de-pau daqueles que são eleitos para defenderem os interesses da população. Entretanto dão importância apenas àquilo que pode ser vantajoso para eles e seus grupos. Não são todos, sou obrigado a deixar claro, só que alguns passam do limite.
    Durante a última campanha o que mais se ouvia era que o cidadão merecia respeito e que esse respeito iria voltar. Pois é, nada disso aconteceu. Parece que para alguns a realidade é de estar acima do que é moral ou mesmo às leis.

    A pizzaria, talvez pela proximidade com as sedes do Legislativo e Executivo carcarenses, tornou-se um ponto para discussão das ações ou a falta delas na vida pública da cidade. Tento me manter distante, o que é quase impossível. Minha esposa Priscila já disse para apenas ouvir e não abrir a boca. Assim faço, apesar de que em certas horas a vontade é de abrir o parlatório, rasgar o verbo. Mas não o faço. Fico quieto a duras penas e quase uma úlcera estomacal.

    Na última sessão da Câmara, novamente denúncias e críticas severas à administração do prefeitinho que, a cada dia, se acha muito mais do que o último biscoito do pacote. Infelizmente alguns vereadores fazem o que podemos chamar de ‘ouvidos de mercador’, ou melhor, igual aqueles três macaquinhos em que um tapa a boca com as mãos, o outro os ouvidos e o terceiro os olhos. Sim, a maioria da Casa de Leis daqui formada por 13 vereadores, finge que nada acontece, que não está sendo necessária a fiscalização isenta. Recebem bem e trabalham mal.

    Um dos vereadores mais atuantes que, por sinal, merece ser reconduzido para mais um mandato, ocupou a tribuna para demonstrar a gastança desenfreada que está ocorrendo nesse ano eleitoral. É muito dinheiro sendo jogado pelo ralo sem, entretanto, beneficiar o cidadão que é o único e exclusivo dono do dinheiro. Todos sabemos de obras eleitoreiras, aquelas que são feitas com muita pompa, anunciadas em alto e bom som, mas são tão vazias de necessidade como de intenção de melhorar o padrão de vida dos carcarenses. Tenho aqui citado o caso do asfaltamento, a menina dos olhos do prefeitinho. Parece que se esquece que a população necessita de ações mais importantes e, de certa forma, mais simples. O asfalto é necessário sim, mas Postos de Saúde com capacidade decente de atender aqueles que os procuram é prioritário. Bem, deveria ser. 
    Meu amigo, a Saúde pública aqui é um caos, mas tem asfalto. A Educação vai para o mesmo caminho, mas caminho asfaltado até onde a vaca foi para o brejo. E o dinheiro vai sendo gasto em obras sem nenhum estudo de viabilidade, de importância. Valores grandes que não elevam a qualidade de vida, a não ser de ‘meia dúzia’ de apaniguados amigos. Vivemos uma administração para ricos, para a elite somente. Para o povo? Prefiro nem responder.

    Esse vereador a que me referi mostrou que a prefeitura de Morro dos Carcarás gasta anualmente pequenas fortunas com rádios e sites de notícias. ‘Publicidade’ é exigência constitucional, poderão dizer alguns. Ocorre que os valores são exorbitantes. Não seria mais proveitoso investir em Educação? Além do mais as ‘propagandas’ parecem mais discursos de palanque, coisas de ano eleitoral e farra com o dinheiro público. É apenas vergonhoso.

    Soube também, através do Toninho Manero, aquele a que me referi na semana passada, que chegou às mãos do presidente da Casa, Janjão Pipoca, uma seríssima denúncia novamente contra o prefeitinho. O que acho incrível que, apesar da necessidade de uma investigação, os nobres legisladores carcarenses em sua maioria riem fazendo piada com o assunto. Por sinal, gostaria de saber o quanto é gasto pela Câmara Municipal com óleo de peroba.

    Contou o Manero que há um imbróglio em relação a um terreno que se arrastou e, de certa forma, trouxe prejuízo para a cidade. Pelo que entendi, tudo se relaciona a um lote que foi doado para a instalação de um centro de logística de distribuição de produtos de supermercado. Pois essa doação foi revogada. Quer piada com contorno de surreal? Tem sim. A revogação foi desrevogada. O espaço voltou ao grupo que iria construir no local. Ocorre que a direção da empresa decidiu não fazer mais nada e vendeu o terreno por milhões de reais. Entendeu? A prefeitura deu um terreno para uma finalidade, não foi realizada e por fim vendeu a um terceiro. E não teve uma boa alma para dizer que isso é imoral, suspeito e muito mais. Lembra da citação de que a ‘mulher de César não precisa ser somente honesta, tem que parecer honesta’? O respeito viajou e não voltou me parece. Nisso alguém ganhou dinheiro, muito dinheiro. Já cantava Paulinho da Viola, “dinheiro na mão é vendaval, é vendaval” ... Quer mais? Acho que não. E serão as urnas que dirão.

    A aposta que anda sendo feita na cidade é que os vereadores não votarão para investigar o caso. Incrível? É de um desrespeito que beira ao surreal mesmo. Já é certo de que oito vereadores serão contra a criação de uma comissão para apurar mais essa denúncia. Pelo menos 5 têm caráter.

    Triste não é mesmo? Como disse o Manero, ‘de novo, novamente’ tudo continua igual. Mas a eleição é logo ali, não é?

    Meu amigo, Priscila junta-se a mim e manda um imenso abraço. Na semana que vem tem mais.”

    Por Chico Aguiar.


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