Edição realiza primeiro ciclo de ações culturais entre os dias 14 e 15 de novembro, celebrando Humberto Mauro e propondo um olhar decolonial sobre o futuro
Berço de um dos movimentos mais importantes da cultura brasileira, notadamente na primeira metade do século XX, Cataguases segue ocupando seu lugar como território de vanguarda e experimentação estética com a realização da segunda edição da Semana de Arte de Cataguases. Em 2025, o evento será norteado pelo tema Futuro Primitivo: por uma perspectiva decolonial e traz o audiovisual como eixo central para promover uma reflexão sobre o papel das artes na construção de novos imaginários sociais.
O primeiro ciclo de atividades acontece em novembro de 2025, homenageando Humberto Mauro, o pai do cinema nacional, que há exatos cem anos lançou seu primeiro filme, Valadião, o Cratera. Considerado um filme perdido, dele restam apenas registros e uma fotografia preservada pela Cinemateca Brasileira. Estrelado por Eva Nil, a primeira atriz do cinema mineiro, o filme narra a história clássica de um herói que salva a mocinha das garras de um vilão, mas carrega consigo a simbologia do nascimento de uma linguagem cinematográfica que, em Cataguases, surgia com inventividade e paixão.
São estes também os motores da programação da Semana de Arte. Entre os dias 14 e 15 de novembro, Cataguases recebe uma agenda gratuita, que contará com exibições de filmes, ações formativas, lançamento de livros, performances artísticas e apresentações musicais, voltadas tanto ao público em geral quanto a alunos da rede pública de ensino.
As atividades começam na sexta-feira, 14 de novembro, no Centro Cultural Humberto Mauro (CCHM), com a apresentação da nova edição da Semana de Arte. Uma tarde de exibição, muita diversão e informação em diálogo aberto com a comunidade escolar sobre o tema “Futuro Primitivo”. Nessa ocasião será exibido o documentário Humberto Mauro, de André Di Mauro, em sessão voltada a alunos da rede pública, apresentando um pouco sobre a vida do grande pioneiro do cinema brasileiro.
As atividades continuam no final da tarde, com o lançamento dos livros Nunca sem poesia, de Ronaldo Werneck; O conto à meia-luz – O minimalismo e a obra de Adrino Aragão, de Joaquim Branco; e Do que eu não me esqueci, de Marcelo Silveira da Rocha. Na sequência, o público poderá assistir ao longa O silêncio de Eva, de Elza Cataldo, seguida de conversa com a cineasta.
No sábado, 15 de novembro, a população está convidada a visitar os estúdios do Animaparque, onde estarão montados sets de produções realizadas no Polo Audiovisual da Zona da Mata Mineira. Nesse mesmo dia, ocorre a mesa “Comunidade Criativa em Rede: Fabricando novos Futuros”, apresentada por Cesar Piva, do Instituto Fábrica do Futuro, e participação de Luciana Guilherme, da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM-RJ), e André Lira e Samuel Antunes, da Secretaria de Economia Criativa do Ministério da Cultura (MinC).
À noite, as atividades continuam no Anfiteatro Ivan Müller Botelho, no Instituto Energisa, com uma programação que integra cinema, performance e música. A abertura contará com a exibição do teaser Comunidade Criativa, produzido pelo Instituto Fábrica do Futuro. Em seguida, o Grupo de Pesquisa Girarte apresenta a performance Dança na Antiguidade, que antecede a exibição do curta Miranha, de Luiz Bolognesi, realizado em parceria com Zahy Tentehar. O diretor também conduzirá a fala “Ouvindo as vozes ancestrais”, seguida de uma conversa com André Di Mauro, Elza Cataldo e Claudio Santos, mediada por Vanessa Rodrigues. A noite se encerra com o show de Thaylis Carneiro, em um repertório de samba de raiz.
A programação da Semana de Arte se estende por dezembro, com a exposição “Francisco Severino: no circo da vida — meio século de sonhos”, em comemoração aos 50 anos de carreira do artista, no Centro Cultural Humberto Mauro. Já no primeiro semestre de 2026, estão previstas ações mensais em fevereiro, março, abril e maio — com mostras audiovisuais, oficinas, performances e mesas de debate — que prepararão o terreno para o grande encontro de junho de 2026, quando a programação completa ocupará a cidade por uma semana inteira de experiências e reflexões sobre novos modos de criação e convivência.
Para Mariela Oliveira e Marcus Diego, idealizadores da Semana, a proposta nasce de uma provocação essencial: como as artes — e especialmente o cinema brasileiro — podem enfrentar, denunciar e ressignificar as múltiplas crises do nosso tempo? “Adotar uma perspectiva decolonial é reconhecer as vozes e práticas historicamente silenciadas pelos processos de colonização e modernização acelerada”, afirmam. “A ideia de futuro primitivo sugere um retorno à sabedoria dos modos de vida ancestrais — indígenas, quilombolas, ribeirinhos e periféricos — que colocam a natureza no centro da experiência humana. Por isso, a programação estimula o diálogo entre arte, espiritualidade, oralidade, agroecologia e cuidado coletivo, reconhecendo nesses saberes a potência para reinventar as formas de convivência e criação”, afirmam.
Programação completa da Semana de Arte de Cataguases – novembro de 2025
14 de novembro (sexta-feira)
Local: Centro Cultural Humberto Mauro (Rua Coronel Vieira, 10, Centro)
- 15h - Apresentação da nova edição da Semana de Arte e diálogo aberto com a comunidade escolar sobre o tema “Futuro Primitivo”.
- 15h30 – Exibição do documentário Humberto Mauro, de André Di Mauro, para estudantes das escolas públicas, com recepção realizada pelo Projeto Girarte, também patrocinado pelo Grupo Bauminas
Dirigido por seu sobrinho-neto, André Di Mauro, o filme-tributo conta a vida e a obra desse pioneiro do cinema brasileiro e latino-americano, que produziu, a partir da década de 1930, mais de 300 curtas, médias e longas-metragens — muitas vezes criando seus próprios recursos técnicos para vencer as adversidades.
- 17h30 – Lançamento de livros: Nunca sem poesia, de Ronaldo Werneck; O conto à meia-luz – O minimalismo e a obra de Adrino Aragão, de Joaquim Branco; e Do que eu não me esqueci, de Marcelo Silveira da Rocha. Os lançamentos são uma iniciativa do Instituto Energisa e da Fundação Ormeu Junqueira Botelho.
- 19h30 – Exibição do filme O Silêncio de Eva, com presença da diretora Elza Cataldo
O Silêncio de Eva resgata a história de Eva Nil, estrela do cinema mudo brasileiro que abandonou a carreira no auge e caiu no esquecimento. A atriz Inês Peixoto percorre sua trajetória, revive cenas perdidas e investiga os silêncios de uma mulher à frente de seu tempo. Com linguagem poética, o documentário é um tributo à memória do cinema, à força feminina por trás das telas e às histórias apagadas que merecem ser contadas.
15 de novembro (sábado)
Local: ANIMAPARQUE (Rua Raul Cisneiros Guedes, 193 – Guanabara)
- 14h – Visita aos estúdios do ANIMAPARQUE com sets de produção do filme “Pinguim Tupiniquim”, uma coprodução da Coala Filmes (São Paulo) e Stúdio Mundiça (Cataguases); da Fábrica do Futuro LAB 2C com os curtas “Humberto Mauro”, “Maria Alcina” e “Ary Barroso”. (Iniciativa do Instituto Fábrica do Futuro, instituição parceira da segunda Semana de Arte de Cataguases).
- 15h – Mesa: “Comunidade Criativa em Rede: Fabricando Novos Futuros”, apresentada por Cesar Piva, do Instituto Fábrica do Futuro, e participação de Luciana Guilherme, da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM-RJ), e André Lira e Samuel Antunes, da Secretaria de Economia Criativa do Ministério da Cultura (MinC).
Local: Anfiteatro Ivan Müller Botelho / Energisa (Av. Astolfo Dutra, 41, Centro)
- 19h às 19h30 – Apresentação da segunda Semana de Arte de Cataguases e exibição do teaser “Comunidade Criativa”, produzido pelo Instituto Fábrica do Futuro. Logo após, performance coreográfica “Dança na Antiguidade”, com o Grupo de Pesquisa Girarte.
- 19h30 às 20h – Exibição do curta Miranha, de Zahy Tentehar e Luiz Bolognesi, seguido de exposição oral “Ouvindo as vozes ancestrais”, com Luiz Bolognesi
O filme revisita o sequestro, no século XIX, de uma jovem indígena miranha por cientistas alemães — episódio que evidencia a violência simbólica e material da ciência colonial. Dirigido por Zahy Tentehar, roteirista, diretora e atriz indígena, em parceria com Luiz Bolognesi, o curta foi rodado na floresta amazônica e contrapõe as relações coloniais de exploração à perspectiva contemporânea das populações originárias.
- 20h – Conversa com os participantes e convidados Luiz Bolognesi, André Di Mauro, Elza Cataldo e Claudio Santos, mediada por Vanessa Rodrigues, e aberta para toda população.
- 21h – Show de Thaylis, com repertório de samba raiz.
Em seus eventos preparatórios, a II SEMANA DE ARTE DE CATAGUASES — FUTURO PRIMITIVO: POR UMA PERSPECTIVA DECOLONIAL conta com patrocínio do Grupo Bauminas através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais (CA 2024.3807.0089). Apoio da Fundação Bauminas, Instituto Energisa, Grupo Energisa. Parceria Instituto Fábrica do Futuro, Animaparque, Polo Audiovisual da Zona da Mata Mineira. A realização é do Studio Catá Arquitetura e do Governo do Estado de Minas Gerais.
Para acompanhar a programação completa da II Semana de Arte de Cataguases siga o instagram @_CATARTE_
Acompanhe também o instagram do Projeto Fábrica do Futuro – Lab2C: @laboratorio.2c
Por Núdia Fusco / Assessoria de Imprensa
Entre para o nosso canal no Whatsapp: Clique aqui

0 comments:
Postar um comentário