Governo federal mobiliza equipe de perícia enquanto estados anunciam integração para combater criminalidade organizada
A megaoperação policial realizada nos complexos do Alemão e da Penha, que resultou em 121 óbitos, desencadeou uma série de medidas emergenciais nos âmbitos federal e estadual. A mobilização inclui o envio de peritos da Polícia Federal, a criação de um escritório emergencial e o anúncio de um consórcio interestadual voltado para o combate ao crime organizado.
O ministro da Justiça e Segurança Pública anunciou o deslocamento de 20 peritos criminais da Polícia Federal para reforçar os trabalhos de investigação no Rio de Janeiro. Os profissionais atuarão em análise de locais de crimes, balística, genética forense para identificação de DNA, medicina legal e necrópsia. Além desses especialistas, o governo prevê a mobilização de 10 a 20 peritos da Força Nacional de Segurança Pública para auxiliar nas perícias.
O efetivo técnico foi disponibilizado após reunião realizada no Palácio Guanabara, que estabeleceu a criação de um escritório emergencial de combate ao crime organizado. A estrutura visa agilizar a comunicação entre as forças federais e estaduais de segurança durante o período de crise. Segundo autoridades, o número de peritos pode ser ampliado conforme a necessidade dos trabalhos de investigação.
O Instituto Médico Legal do Rio de Janeiro confirmou que já identificou 100 das 121 vítimas fatais registradas durante a Operação Contenção. Todos os corpos passaram por necropsia, mas os laudos completos devem ser divulgados apenas em um prazo de 10 a 15 dias úteis. Até o momento, foram liberados para sepultamento os corpos de 60 pessoas.
Parlamentares que realizaram diligência no IML cobraram a divulgação de uma lista com os nomes de todos os mortos já identificados. A direção do instituto informou que essa divulgação depende de autorização da Secretaria de Polícia Civil. A demora na liberação das informações gerou questionamentos sobre os motivos da retenção dos dados.
Em movimento paralelo, sete governadores anunciaram a criação do "Consórcio da Paz", projeto de integração entre estados para troca de informações de inteligência, apoio financeiro e compartilhamento de contingente policial no combate ao crime organizado. A reunião ocorreu no Palácio Guanabara e contou com a participação dos chefes dos executivos estaduais do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Goiás, além da vice-governadora do Distrito Federal e do governador de São Paulo por videoconferência.
O Rio de Janeiro será a sede inicial do consórcio e ficará responsável por organizar o processo de formalização do grupo. Os participantes afirmaram que, embora a iniciativa seja liderada por gestores com alinhamento político semelhante, a intenção é incluir todos os estados da federação. A proposta prevê o compartilhamento de experiências, empréstimo de material humano e aquisição consorciada de equipamentos para as forças de segurança.
Durante o encontro, os gestores estaduais criticaram a Proposta de Emenda à Constituição da Segurança Pública enviada pelo governo federal ao Congresso em abril de 2025. Um dos governadores presentes afirmou que o objetivo da PEC seria centralizar as diretrizes da segurança pública no Ministério da Justiça, reduzindo a autonomia dos estados. O governo federal, por sua vez, defende que a proposta mantém as autonomias das forças estaduais e distrital.
A iniciativa do consórcio assemelha-se a um pacto firmado em 2023 no âmbito do Consórcio de Integração Sul e Sudeste, quando sete estados se comprometeram a criar um gabinete integrado de segurança pública para compartilhar informações de inteligência. A proposta anterior também incluía capacitação conjunta de agentes, compra compartilhada de equipamentos e apoio ao endurecimento da legislação penal.
O governo federal anunciou ainda o aumento do efetivo da Polícia Rodoviária Federal em 50 agentes nas estradas do Rio de Janeiro e o reforço no número de agentes de inteligência atuando no estado. Atendendo a solicitação estadual, a União já autorizou a transferência de dez presos para presídios federais de segurança máxima.
A Operação Contenção, realizada na terça-feira com cerca de 2.500 agentes das Polícias Civil e Militar, teve como objetivo cumprir mandados de prisão contra lideranças do Comando Vermelho nos complexos do Alemão e da Penha. A ação resultou em 121 mortes, incluindo quatro policiais, e é considerada a mais letal da história do país, superando o massacre do Carandiru, que deixou 111 mortos em 1992.
O Ministério Público do Rio de Janeiro informou que enviará técnicos ao IML para realizar perícia independente nos corpos. A ONU demandou que as investigações sigam normas internacionais de direitos humanos. Organizações da sociedade civil manifestaram preocupação com a letalidade da operação e cobraram transparência no processo de apuração das circunstâncias das mortes.
Por Mídia Mineira.
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