Segundo a Energisa, mais de 11 mil consumidores ficaram sem energia por falhas que poderiam ter sido prevenidas
A proximidade descontrolada entre atividades cotidianas e a infraestrutura elétrica tem se tornado um problema crescente no país. Dados da Energisa revelam que já foram contabilizadas mais de 270 situações de risco envolvendo a rede de distribuição de energia apenas nos primeiros meses de 2025. Esses eventos resultaram na interrupção do fornecimento elétrico para mais de 11 mil consumidores.
Os registros demonstram uma diversidade preocupante de objetos e materiais que entram em contato com os sistemas de transmissão. Entre os itens mais frequentes estão elementos da construção civil como telhas e estruturas de andaimes, além de objetos do dia a dia como pipas, calçados e vegetação que se desprende e atinge os cabos energizados.
O período que se aproxima, marcado pela intensificação das chuvas e ventos fortes típicos de setembro, representa um agravamento significativo desses riscos. As condições climáticas adversas favorecem o deslocamento de materiais diversos - lonas plásticas, recipientes para armazenamento de água, peças de vestuário e galhos de árvores - que podem ser arremessados contra a infraestrutura elétrica.
A umidade presente no solo durante as precipitações cria condições ainda mais perigosas, uma vez que a água funciona como condutor elétrico. Essa característica transforma qualquer trabalho realizado nas proximidades dos fios energizados em uma atividade de alto risco para os profissionais envolvidos.
Informações da Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade apontam o setor da construção civil como o principal responsável pelos incidentes envolvendo redes aéreas de energia. Atividades como reformas prediais, instalação de elementos de fachada e montagem de estruturas metálicas colocam trabalhadores em situação de vulnerabilidade constantemente.
Apesar da existência de regulamentações específicas, como a Norma Regulamentadora 10, que estabelece requisitos de capacitação para profissionais que atuam próximos a instalações elétricas, persiste a observação de práticas inadequadas no setor. A combinação entre conhecimento insuficiente e soluções improvisadas continua transformando atividades corriqueiras em cenários potencialmente fatais.
Segundo especialistas da área, o perigo não se limita ao contato direto com os condutores elétricos. Filipe Dini, responsável pelas operações da Energisa, esclarece que a proximidade excessiva com a rede pode gerar o fenômeno conhecido como choque por indução. Nessa situação, a corrente elétrica se transfere para objetos metálicos próximos, como andaimes ou escadas, mesmo sem haver contato físico com os fios.
O fenômeno da indução elétrica representa uma ameaça frequentemente subestimada tanto por profissionais quanto por pessoas que realizam atividades domésticas. A falta de conscientização sobre esse risco específico contribui para a manutenção dos altos índices de ocorrências registrados pelas concessionárias de energia.
Para minimizar os riscos, especialistas recomendam a manutenção de uma distância mínima de três metros entre qualquer atividade e a rede elétrica. Essa medida de segurança deve ser rigorosamente observada durante reformas, construções ou mesmo em tarefas simples como limpeza de telhados.
A remoção de objetos que se prendem aos fios elétricos deve ser sempre realizada pelas equipes técnicas das concessionárias, nunca por pessoas sem capacitação específica. Essa orientação se aplica desde pipas emaranhadas até galhos de árvores que possam ter atingido a rede de distribuição.
A contratação de profissionais devidamente qualificados e certificados para trabalhos próximos à infraestrutura elétrica representa uma medida fundamental de prevenção. Esses especialistas possuem o conhecimento técnico necessário para identificar riscos e aplicar procedimentos seguros durante a execução dos serviços.
Em situações de emergência ou identificação de riscos iminentes, o contato imediato com a concessionária responsável pela distribuição de energia na região deve ser prioritário. A tentativa de solucionar problemas relacionados à rede elétrica sem o devido preparo técnico pode resultar em consequências graves tanto para indivíduos quanto para a comunidade como um todo.
Por Mídia Mineira com informações
da Comunicação da Energisa.
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