Decisão que barra Ozempic, Wegovy e Saxenda do sistema público divide opiniões sobre acesso ao tratamento da obesidade
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Foto: Divulgação. |
A decisão da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) de barrar a inclusão dos medicamentos Ozempic, Wegovy e Saxenda no sistema público de saúde provocou reações divergentes no meio médico. A comissão deu parecer contrário à incorporação dos medicamentos à base de semaglutida e liraglutida no SUS, rejeitando a inclusão em 20 de agosto de 2025, após análises técnicas e consulta pública.
O principal argumento apresentado pela comissão técnica centra-se na questão orçamentária. Durante a discussão, o principal ponto levantado pela comissão foi a restrição orçamentária imposta pelo alto custo do tratamento, já que ambos os medicamentos têm custo estimado de R$ 1 mil por caneta aplicadora. O impacto financeiro poderia chegar a até R$ 6 bilhões em cinco anos, segundo estimativas apresentadas no processo de avaliação.
A decisão contraria as expectativas de entidades médicas e pacientes que aguardavam a incorporação dessas tecnologias para o tratamento da obesidade no Brasil. O documento analisado pedia a incorporação para o atendimento de pessoas com obesidade, diabetes tipo 2 e doença cardiovascular, condições que afetam milhões de brasileiros e sobrecarregam o sistema público de saúde.
Sociedades médicas criticaram a decisão que exclui Wegovy e Saxenda do SUS, argumentando que a medida pode aumentar as desigualdades no acesso ao tratamento da obesidade. Os profissionais de saúde defendem que os benefícios clínicos comprovados desses medicamentos justificariam sua inclusão no sistema público, especialmente considerando os custos secundários da obesidade não tratada.
A polêmica se intensifica quando observamos que esses medicamentos já estão aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para uso no Brasil. O Ozempic é um medicamento para controlar a diabetes, mas leva também à perda de peso, enquanto uma dose mais alta do mesmo princípio ativo é vendida sob o nome de Wegovy especificamente para combater a obesidade.
Apesar da decisão negativa da Conitec, o debate sobre a incorporação desses medicamentos no SUS não se encerra aqui. O Ministério da Saúde havia confirmado que iniciaria avaliações sobre a incorporação da semaglutida ao Sistema Único de Saúde no primeiro semestre de 2025, indicando que o processo pode ser retomado com novos estudos.
A questão levanta reflexões importantes sobre os critérios utilizados para incorporação de novas tecnologias no sistema público de saúde brasileiro. Enquanto o aspecto financeiro permanece como fator determinante, especialistas questionam se não deveriam ser considerados também os custos a longo prazo do não-tratamento da obesidade, incluindo complicações cardiovasculares, diabetes e outras comorbidades.
A Conitec recomendou ao Ministério da Saúde não incorporar ao Sistema Único de Saúde a liraglutida e a semaglutida, princípios ativos de medicamentos agonistas GLP-1, popularmente conhecidos como canetas emagrecedoras. Essa denominação popular ilustra como esses medicamentos ganharam notoriedade na sociedade, especialmente entre pessoas de maior poder aquisitivo.
A decisão da comissão técnica expõe uma realidade preocupante do sistema de saúde brasileiro: o acesso diferenciado a tratamentos inovadores baseado na capacidade financeira dos pacientes. Enquanto pessoas com recursos podem adquirir esses medicamentos no mercado privado, usuários do SUS ficam dependentes de alternativas menos eficazes ou de tratamentos convencionais.
A questão dos efeitos colaterais também integra as discussões técnicas. Os efeitos colaterais decorrentes da semaglutida incluem náuseas e vômitos, aspectos que foram avaliados pela comissão no processo de análise da segurança dos medicamentos.
O posicionamento da Conitec representa mais um capítulo na complexa discussão sobre sustentabilidade financeira do SUS versus necessidades de saúde da população. A decisão final caberá ao Ministério da Saúde, que pode acatar ou não as recomendações da comissão técnica.
Por Mídia Mineira.
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