Secretário de Saúde explica a escassez de profissionais e limitações estruturais no município.
A morte precoce de uma jovem em um acidente motociclístico no domingo (8) e a falta de um neurocirurgião em Cataguases, motivaram a convocação do secretário de Saúde, Vinicius Franzoni Barbosa Ferreira (foto abaixo), à sessão ordinária da Câmara Municipal na noite de terça-feira, 17 de outubro. O objetivo foi questionar ao gestor da pasta sobre a falta desse serviço na cidade, que é uma demanda de muitos anos. Em seu pronunciamento, o secretário abordou a escassez de profissionais na área de neurocirurgia, os desafios financeiros enfrentados pelo sistema de saúde local e a capacidade limitada do Hospital de Cataguases para acomodar esse tipo de especialidade médica.
Segundo o secretário, um levantamento dos últimos 650 dias revelou que 49 pessoas em Cataguases necessitaram de um neurocirurgião, sendo que apenas duas delas não conseguiram atendimento a tempo, resultando em óbito no Hospital de Cataguases. O tempo médio de espera foi de 3,44 dias, com o tempo máximo de 14 dias para atendimento. Franzoni destacou que, na macroregião, existem neurocirurgiões em cidades vizinhas, como Juiz de Fora e Muriaé, que podem atender pacientes de Cataguases em prazos curtos.
O secretário também enfatizou a escassez de neurocirurgiões no Brasil, com apenas cerca de 4.300 profissionais ativos no país. Ele explicou que o custo para a contratação de um neurocirurgião é significativo, com uma média de R$ 465.828,00 por mês para um plantão de 24 horas. Esse valor levanta questões sobre a alocação de recursos na saúde pública, considerando outras necessidades médicas, como exames e cirurgias eletivas.
Franzoni destacou a importância da prevenção de acidentes, como quedas de idosos e acidentes vasculares cerebrais (AVCs). Ele enfatizou que os indivíduos também têm responsabilidade pela própria saúde, mencionando a necessidade de pacientes com condições crônicas seguirem recomendações médicas, como dieta e estilo de vida saudável.
Além disso, o secretário salientou que, mesmo que Cataguases contratasse um neurocirurgião, o Hospital de Cataguases não possui a estrutura adequada para suportar esse tipo de cirurgia, incluindo equipe especializada, instrumentos cirúrgicos e instalações adequadas. Ele afirmou que, no momento, o SUSFácil é capaz de fornecer avaliação de casos neurocirúrgicos sem a necessidade de um especialista residente no município.
Franzoni concluiu ressaltando a necessidade de fortalecer o Hospital de Cataguases em suas áreas de competência e melhorar a resolutividade, para garantir que os pacientes não precisem retornar pelo mesmo motivo. Ele sublinhou os avanços que o hospital fez nos últimos anos, tornando-se uma referência nas três microrregiões de Cataguases, Leopoldina e Além Paraíba em cirurgias pelo SUS.
"Hoje o nosso papel é fortalecer o Hospital, mas para o que ele está habilitado, porque hoje eu não vejo condições da gente buscar um serviço maior, sendo que hoje a gente está começando a fazer o dever de casa", argumentou.
Apesar das preocupações da comunidade em relação à falta de um neurocirurgião em Cataguases, a resposta do Secretário de Saúde evidenciou a complexidade da questão, que envolve não apenas a escassez de profissionais, mas também limitações estruturais e financeiras enfrentadas pelo sistema de saúde local. A busca por soluções requer uma abordagem cuidadosa e estratégica, visando ao melhor atendimento à população e à eficiente alocação de recursos na área de saúde.
Por Mídia Mineira.
0 comments:
Postar um comentário