Representantes dos produtores e comerciantes de carnes e pescados de Cataguases, do Poder Executivo, através do prefeito Willian Lobo, do chefe de gabinete, João Paulo Vargas Vairo, do secretário de Meio Ambiente, José Emilton Silva, da Secretaria Municipal de Saúde, representada pelo médico Dr. Murilo Possani, da Vigilância Sanitária, representada pelo coordenador Reginaldo de Melo Martins, além de autoridades da área, compareceram a audiência pública, proposta pelos vereadores Ricardo Dias e Marcos Costa Garcia (Marquinhos do Açougue), na noite desta quarta-feira (21), no plenário da Câmara Municipal de Cataguases, para tratar da criação de uma Lei para regulamentar ações da Vigilância Sanitária em estabelecimentos de comércio varejista que manipulam e/ou transformam produtos cárneos e pescados no município. Além dos vereadores proponentes, também compareceram a reunião os vereadores: Hercyl Neto, Rafael Moreira, Sargento Jorge Roberto, Mauro Ruela e Doutora Maria Ângela Girardi.
Na ocasião o técnico, Emanuel Oliveira, apresentou para os presentes um esboço da Lei que será proposta pelos vereadores para regulamentar a questão no município. Conforme explicado, o problema nasceu de uma denúncia no Ministério Público quanto a fabricação da linguiça artesanal, fazendo com que os comerciantes fossem notificados pela Vigilância Sanitária para se adequarem a uma série de exigências.

O professor e médico veterinário, servidor da Secretaria de Meio Ambiente de Cataguases, Eduardo Siqueira Cardoso, disse a a questão não é impedir ou proibir de fazer o produto, mas de se adequar as normas já existentes. "Existem normas específicas para a manipulação de alimento e é isso que se deseja, que a produção do alimento siga normas que venham a levar a produção de um alimento, seja ele artesanal ou semi-artesanal ou de indústrias em condições satisfatórias para o consumidor porque a gente não pode deixar de lado esse direito do consumidor em ter o alimento com qualidade. [...] O interesse particular econômico, não pode ser maior que o interesse público, nesse caso, a saúde pública, dai a necessidade de se fazer regras para isso", argumentou. Para ele, já existem Leis específicas para a verificação das boas práticas de fabricação e procedimentos operacionais padronizados, tanto nos âmbitos Federal, Estadual e Municipal, por esse motivo, fazer uma Lei específica para a fabricação dos produtos artesanais, não dispensa a obrigação de cumprimento de pontos específicos para que os produtos estejam adequados para o consumo. "É necessário que se aprove uma Lei mas que não se deixe de lado essas questões que permitem a produção de um alimento seguro e essa produção não está somente dentro do estabelecimento fabril, ela vem desde a sua origem, matéria prima, até o consumidor final e é ai que a gente vê os pontos críticos que tem de ser avaliados", disse.
Alguns pontos levantados pelo veterinário foram:
- A necessidade de implantação de capacitações em boas práticas de fabricação e procedimentos operacionais padronizados, periódicas, não apenas para os comerciantes de carne, mas para todos que lidam com alimento.
- A exigência de padrões de limpeza como utilização de pisos de cor clara para não mascarar a sujeira;
- Condições de limpeza do moedor e de outros itens da linha produtiva;
- A colocação do rótulo em conformidade com a legislação federal;
- A delegação de fiscalização apenas por médico veterinário conforme legislação federal;
- Espaço adequado que deve ser fechado ou com telas entre outros.
A fiscal sanitária, Elisângela Stephan, esclareceu que neste momento, não está autuando os estabelecimentos em relação a produção mas apenas em relação ao armazenamento. Segundo ela, alguns pontos da nova Lei, precisam ser discutidos, uma vez que o cargo de fiscal sanitário em Cataguases, é de nível médio e não tem capacitação técnica para avaliar a produção de alimentos derivados de carne o que deve ser feito por um médico veterinário. Outro ponto levantado pela fiscal, foi que o Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços de Alimentação, RDC 216/2004 da Anvisa, conforme colocado no projeto, não se aplica aos açougues e que pontos conflitantes com o Código Sanitário devem ser discutidos.

Tanto os vereadores quando as demais autoridades que se manifestaram na audiência, se posicionaram favoráveis e dispostos a juntar esforços para resolver o problema para que os açougues continuem a produzir seus produtos artesanais.
O prefeito Willian Lobo lembrou a luta para conseguir verba para a construção do abatedouro municipal, por ocasião de seu primeiro mandato e que o único município que conseguiu a liberação de recurso para construção de abatedouro foi Cataguases. Ele também ressaltou que mesmo sendo prefeito, não pode passar por cima da legislação mas que da mesma forma como já vem fazendo por ocasião de reunião anterior com o promotor, continuará direcionando esforços para resolver a situação, com a união do legislativo e demais órgãos, a fim de que se confeccione uma Lei Municipal para atender a legislação sem que seja predatória, mas que permita aos profissionais condições de trabalho. Ele também se propôs a reunir com o Ministério Público e levar a demanda para o governo de Minas. "Contem sempre com o meu apoio e dedicação, estarei sempre não só diagnosticando o problema mas também buscando solução, porque é muito fácil a gente falar que a prefeitura precisa de funcionário ou de dinheiro para isso ou aquilo mas o que estamos fazendo para buscar essa ajuda?" questionou.
Confira abaixo mais fotos da audiência:
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