Em uma longa sessão da Câmara Municipal que durou quase 5 horas, exclusiva para tratar do assunto convênio do Pronto Socorro Municipal junto ao Hospital de Cataguases, proposta pelos vereadores MicheLângelo Correa e José Augusto Titoneli, a prefeitura Municipal e Mesa Administrativa do Hospital de Cataguases conseguiram chegar a um acordo que permitirá o normal atendimento da Santa Casa por até 6 meses pelo menos.
A reunião foi proposta para tentar chegar a um consenso em relação ao convênio entre o Município de Cataguases e o Hospital de Cataguases, vencido em 1º de fevereiro deste ano. O valor repassado hoje pelo Executivo é de R$ 250 mil e a administração do Hospital vem pleiteando R$ 560 mil, porém sem resposta. A sessão contou com representantes do Legislativo Municipal e de cidades vizinhas como Itamarati de Minas e Dona Eusébia, do Conselho Municipal de Saúde, do Cisum, do Hospital de Cataguases, do Ministério Público através do promotor, Dr. Rodrigo de Barros e da Defensoria Pública, além de médicos e profissionais da área de saúde.
Após o início com as comunicações de praxe, o presidente da sessão, Antônio Beleza, passou a presidência dos trabalhos para os dois vereadores proponentes da convocação, Titoneli e Michelângelo que repudiaram a ausência do prefeito Cesinha Samor.
O Primeiro a falar, foi o diretor do Consórcio Intermunicipal União da Mata (CISUM) e presidente do Conselho Municipal de Saúde, Eliermes Teixeira que explicou sobre as dificuldades enfrentadas que é manter um Pronto Socorro Municipal e citou o caso de Leopoldina que, segundo ele, já teria tentado terceirizar a UPA que já está pronta e encontra-se parada, mas que orçamentos para gerir a mesma chegam na casa de aproximadamente R$ 1 milhão. Ele também falou sobre a planilha de custos apresentada pelo Hospital de Cataguases onde acredita, que para o Executivo, fica mais barato pagar um valor mais alto para que o hospital continue com os atendimentos azul e verde do que ter de montar um centro exclusivo para isso, pois segundo ele, o Município hoje, não tem estrutura para manter um Pronto Socorro. "Muita coisa tem de ser discutida, mas não pode ser feita a longo prazo" ressaltou.


O advogado da Santa Casa, Bruno Gonçalves, explicou que o hospital vem tentando negociar o contrato desde o início do ano, que recebeu a resposta do Secretário Municipal de Saúde que não é interesse do município voltar com o pronto socorro e mostrou todas as notificações enviadas para a prefeitura, Ministério Público e outros órgãos, solicitando resposta sobre o pleito para a renegociação do contrato, sendo que o Município ao invés de realizar uma contra proposta, preferiu postergar e dizer que o pagamento do convênio encontra-se em dia (embora sempre pagando com atraso) e pediu ao Hospital para se abster de paralisar.

O médico Dr. Joseph Freire, também falou em nome do Executivo, dizendo que as prefeituras das cidades vizinhas precisam também colaborar, que o Pronto Socorro de hospitais de cidades vizinhas e maiores que Cataguases recebem um valor bem menor e pediu para que a diretoria do HC considerasse não limitar o atendimento.
O Promotor de Justiça, Dr. Rodrigo de Barros, fez uma explanação ressaltando que todos os municípios estão passando por dificuldade nesta área, que não foi um fato isolado de Cataguases não ter recebido os repasses sinalizados pois o mesmo ocorreu com outros municípios, por diversas questões, como Além Paraíba, Leopoldina, Muriaé e Juiz de Fora. Deixou claro que a escolha do Hospital para passar para nível II foi meramente técnica. Ele ressaltou também que não é apenas um ente que deve ser responsável por esse pagamento e disse que é necessário a conversa a união de todos, Estado, Município e empresas privadas de convênio. Ele também confirmou a reunião para o dia 8 de junho para negociação de um novo contrato, disse que a planilha apresentada pelo Hospital, precisa ser vista e discutida com técnicos das diversas áreas para que se possa chegar a um denominador comum. Ele também destacou que voltar para a forma que estava antes ele não concordaria nunca, pois da forma que estava sendo feita, não era adequado. Por fim, o promotor ponderou a situação do não atendimento dos pacientes azul e verde, que após passar pela triagem não pode ser dispensado e deve ser atendido, mesmo tendo de esperar bem mais.
Por último, a defensora pública, Dra Eliana Spíndola, salientou que a Defensoria Pública está acompanhando todo o processo e que o convênio tem certas características e embora o conveniado não possa levar prejuízo, a população também não pode ficar desassistida. A defensora destacou que a defensoria pública não está disposta a aceitar a limitação do atendimento, pois a partir do momento em que foi feita a triagem, o hospital tem de atender o paciente. “A população não vai ficar desassistida, isso porque tanto a promotoria quanto a defensoria estão prestando bastante atenção em tudo o que está acontecendo e com certeza a população de Cataguases não irá ficar desassistida sem um atendimento porque nós contamos com um consenso” disse.

Por fim, todos os presentes assinaram um termo de compromisso com a proposta e uma reunião extraordinária da Câmara foi convocada para a próxima sexta-feira, onde o Executivo deverá enviar um projeto de crédito suplementar para repassar para o Hospital o valor devolvido pela a Câmara.
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