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    domingo, 13 de dezembro de 2015

    Microcefalia associada ao vírus zika preocupa gestantes em vários estados

    “Não saio de casa se não for para trabalhar. Estamos prisioneiras mesmo, porque o medo é muito grande aqui. Abri mão de tudo”, relata a policial militar pernambucana Monique Cordeiro, 27 anos, grávida de 11 semanas. Ela mora no município de Arcoverde, no sertão de Pernambuco, estado que registra o maior número de casos de microcefalia associado ao vírus Zika. Dos mais de 1,7 mil casos suspeitos, cerca de 800 são no estado. “Já tive crise de nervos, de achar que estava pintada [com manchas], sem estar. Está sendo muito difícil e a minha cidade tem muita gente doente [com sintomas de Zika]”, afirmou Monique.

    Desde o fim de novembro, quando o Ministério da Saúde confirmou a relação do vírus com o aumento dos casos de malformação congênita, grávidas de vários estados têm encarado uma gestação cheia de temores. “É meu primeiro filho e já tive um aborto há três anos, por isso é ainda maior a preocupação”, declarou. Ela lamenta que não esteja aproveitando, como gostaria, a gravidez. “São muitas notícias erradas, desencontradas, que deixam a gente com dúvidas e em pânico”, lamentou.

    O uso constante de repelente, de roupas que encobrem todo o corpo, a instalação de telas contra mosquitos e a vistoria de criadouros da dengue são algumas das práticas comuns entre as mulheres grávidas. 

    Mas as dúvidas em relação ao uso do repelente também intrigam as gestantes. O médico Marcelo Burlá, presidente da Associação de Ginecologia e Obstetrícia do Rio de Janeiro, informa que não existem estudos sobre o uso intenso e prolongado desse produto em grávidas. Por outro lado, também não há relatos de efeitos adversos em relação aos agentes químicos dos repelentes habituais. A substância que tem sido mais recomendada pelos médicos é a icaridina, cujo nível de concentração permite proteção mais prolongada. De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o uso é seguro para mulheres grávidas.

    Marcelo Burlá orienta que o ideal é evitar o mosquito no ambiente em que se permanece a maior parte do dia, para que não seja necessário passar constantemente o repelente. “Quando sair para a rua, usar repelente e tentar, de maneira razoável, cobrir a superfície corporal o máximo possível”, sugeriu. A grande procura por repelentes fez com que a demanda no laboratório Osler, que produz o Repelente Exposis‎, único com icaridina no Brasil, aumentasse mais de 1000%, informou Paulo Guerra, diretor-geral da empresa. “Tínhamos a substância em estoque, mas fizemos adaptações. Como o produto é importado e trazíamos de navio, agora estamos trazendo semanalmente de avião”, acrescentou.

    Apesar disso, algumas farmácias têm adotado estratégias para garantir a distribuição do produto, como lista de espera e limite de compra por cliente. Nesta semana, o Ministério da Saúde anunciou que negocia parceria com o Exército para produzir repelente.

    Minas Gerais

    A partir do dia 11 de novembro, o Ministério da Saúde, por meio de portaria, estabeleceu que a microcefalia deveria ser tratada como evento de emergência de saúde pública, tornando obrigatória a notificação dos casos no país. A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) informa que foram notificados, do dia 11 de novembro até o dia 10 de dezembro, 29 casos de microcefalia. Os casos estão distribuídos em 21 municípios e estão sendo investigados para a determinação da causa da microcefalia, que pode estar ou não associada ao Zika vírus. Até o momento, foi descartada a possibilidade de associação ao Zika vírus em 1 caso. 

    A primeira etapa desse protocolo é um questionário de investigação da gestante. De acordo com as informações coletadas, é atribuído se essa gestante encontrava-se em situação de risco, ou seja, se ela estava em alguma área de transmissão do Zika Vírus, ou se ela apresenta algum dos outros fatores associados à microcefalia, como o uso de substâncias químicas ou processos infecciosos, causados por bactérias ou vírus. 

    Assim como o Zika Vírus, doenças como Dengue e Chikungunya também são transmitidas pelo mesmo mosquito, o Aedes aegypti. Portanto, enfrentar a reprodução do mosquito é a forma de evitar as três doenças. 

    As pesquisas mais recentes apontam que mais de 80% dos focos de Aedes aegypti encontram-se dentro dos domicílios, assim é de fundamental importância a participação da população no controle do vetor. 

    As medidas de enfrentamento ao Aedes aegypti estão sendo reforçadas em todo o Estado. A SES-MG realiza, desde outubro, oficinas regionais para atualização dos planos de contingência dos municípios. 

    Em relação ao monitoramento da entrada do vírus Zika em Minas e em consequência aos casos de microcefalia ocorridos nos Estados do Nordeste, a SES-MG está cumprindo os protocolos do Ministério da Saúde e reativando a vigilância sentinela, ou seja, equipes das unidades de saúde tecnicamente treinadas para identificar os sintomas agora ligados ao Zika e encaminhar para a análise. Embora não tenha registro de circulação do vírus no estado, as unidades estão distribuídas estrategicamente nos municípios de Uberaba, Belo Horizonte, Montes Claros, Teófilo Otoni, Juiz de Fora e Pouso Alegre. 

    É importante ressaltar que alguns cuidados simples podem evitar a transmissão, como manter a casa limpa e sem água parada para evitar os possíveis criadouros; armazenar e destinar corretamente o lixo; jamais descartar qualquer outro material que possa acumular água no quintal de casa, no quintal de vizinhos, na rua ou em lotes vagos; Manter as calhas livres de entupimentos para evitar represamento de água; manter limpos e escovados os bebedouros de animais domésticos, além de trocar a água diariamente; manter cuidados extras para reservatórios de água: caixas de água devem estar bem tampadas e vedadas. Se optar em armazenar água das chuvas, é importante tampar bem os recipientes.

    Mudança de planos

    O aumento dos casos de microcefalia fez com que várias mulheres mudasse de planos em relação à gravidez, deixando a decisão para mais tarde. Não há recomendação do Ministério da Saúde para que se evite a gravidez, mas as mulheres que planejam engravidar precisam avaliar os riscos antes de tomar uma decisão.

    Também tem sido comum em algumas maternidades do país, encontrar relatos de grávidas que desconheciam o risco do vírus Zika. Algumas dizem que as únicas informações que recebem vem da televisão e da internet. 

    Tensão

    Para Marcelo Burlá, este é um momento de tensão e é preciso ter responsabilidade nas orientações às gestantes. “Não adianta ir muito cedo, com 12, 13 ou 14 semanas, para fazer ultrassom. É um período ainda precoce para avaliar. Toda gestante que teve contato com alguém ou ela mesma teve sintomas do Zika deve procurar um obstetra para fazer a avaliação a partir de 20 semanas. Uma única avaliação é suficiente para afastar completamente [o diagnóstico de microcefalia]”, destacou.

    A doula Priscila Rabelo, fundadora da organização não governamental Parto Normal Fortaleza, também chama a atenção para a abordagem desse ambiente de temor entre as mulheres. “A gestação já é cheia de tensões, ansiedades. Diante deste fato novo, que está em estado de alerta, é normal que haja receio coletivo. As orientações estão em construção e isso causa muita ansiedade”. Ela coordena um grupo no Facebook que reúne mais de 8 mil mulheres e este é um tema constante. “Temos chamado a atenção para as medidas de prevenção, mas, sobretudo, para o combate ao mosquito, que é dever, não só das gestantes, mas de toda a sociedade”.

    Com informações da Agência Brasil e Agência Minas
    Foto: Agência Brasil
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