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    segunda-feira, 10 de novembro de 2025

    COP30 enfrenta desafios entre promessas não cumpridas e falhas de segurança

    Conferência em Belém busca viabilizar trilhões em financiamento climático enquanto lida com questões de infraestrutura e credenciamento


    A 30ª Conferência das Partes sobre Mudança do Clima (COP30) abriu suas portas em Belém nesta segunda-feira, trazendo à tona uma série de contrastes que marcam o momento atual das negociações climáticas globais. Enquanto delegações de 195 países discutem investimentos trilionários para conter o aquecimento global, questões básicas de segurança expõem fragilidades na organização do megaevento sediado pela primeira vez na Amazônia.

    A Polícia Federal revelou que cinco pessoas com mandados de prisão em aberto foram identificadas trabalhando nas preparações do evento. A descoberta ocorreu após verificação de antecedentes criminais de 25.694 profissionais ligados à conferência, incluindo prestadores de serviços e fornecedores. Do total analisado, 725 indivíduos apresentaram algum tipo de registro negativo nas bases de dados consultadas. As informações foram encaminhadas à coordenação da COP30 para que as medidas cabíveis sejam adotadas.

    No campo diplomático, a conferência enfrenta um cenário político desafiador. Menos de 80 países atualizaram suas metas de redução de emissões de gases poluentes, o que representa apenas 64% das emissões globais. Entre os grandes emissores, a Índia, terceira colocada no ranking mundial, ainda não apresentou seus compromissos. A ausência dos Estados Unidos do Acordo de Paris após a posse de Donald Trump adiciona incerteza às negociações.

    O financiamento climático emerge como o principal obstáculo das discussões. Um plano estratégico apresentado pela presidência da conferência propõe mobilizar 1,3 trilhão de dólares anuais para viabilizar a transição energética e adaptação climática nos países em desenvolvimento. O documento "Mapa do Caminho de Baku a Belém" busca transformar promessas históricas não cumpridas em compromissos concretos.


    O Fundo Florestas Tropicais para Sempre, lançado durante a Cúpula do Clima que antecedeu a COP30, já conta com aportes prometidos de 5,5 bilhões de dólares. O mecanismo destinará ao menos 20% dos recursos para comunidades tradicionais e povos indígenas, responsáveis diretos pela preservação de áreas florestais em aproximadamente 70 países. A iniciativa representa uma das apostas brasileiras para demonstrar viabilidade prática no financiamento da preservação ambiental.

    O Brasil também apresentou durante a conferência a iniciativa RAIZ, voltada à recuperação de áreas agrícolas degradadas em escala global. O programa responde a dados alarmantes da ONU que apontam 2 bilhões de hectares de terras degradadas no planeta, afetando diretamente 3,2 bilhões de pessoas. A ação articula os ministérios da Agricultura, do Desenvolvimento Agrário e da Pesca, em parceria com a FAO, para compartilhar tecnologias e mobilizar recursos internacionais.

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    Os três eixos centrais das negociações incluem adaptação climática, transição justa e implementação do Balanço Global do Acordo de Paris. A adaptação exige que territórios desenvolvam capacidade de resposta a eventos extremos, enquanto a transição justa busca garantir condições para trabalhadores de setores poluentes migrarem para novas áreas da economia de baixo carbono.

    Belém espera receber mais de 50 mil visitantes durante os 12 dias de conferência. Além dos espaços oficiais restritos a credenciados, a Zona Verde oferece entrada gratuita para a população e abriga atividades de instituições públicas, privadas e organizações da sociedade civil. O evento marca a maior mobilização indígena da história das conferências climáticas, com mais de 3 mil participantes esperados.

    A Cúpula dos Povos, com organização autônoma dos movimentos sociais, inicia suas atividades na quarta-feira na Universidade Federal do Pará. Uma barqueata no Rio Guamá abre a programação, que reunirá representantes de 62 países. No sábado, uma marcha pelas ruas da capital paraense está programada para pressionar por ações concretas.

    Os dados climáticos reforçam a urgência das discussões. O uso de combustíveis fósseis responde por 75% das emissões de gases causadores do efeito estufa, seguido pela agricultura com 11,7%. O ano passado registrou aumento nas emissões de CO2, o principal poluidor atmosférico, contrariando a tendência necessária para manter o aquecimento global em 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais.

    A saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris e conflitos armados persistentes em diversas regiões do mundo somam-se aos desafios para alcançar consensos significativos. O modelo de decisão por unanimidade entre as 198 partes signatárias torna o processo negociador extremamente complexo, exigindo articulação diplomática intensa.

    Setores antes distantes das discussões climáticas passaram a se envolver na preparação da COP30 brasileira, incluindo movimentos religiosos, organizações do movimento negro, magistrados e profissionais da saúde e educação. Essa ampliação do debate reflete a crescente percepção de que as mudanças climáticas afetam desde o preço dos alimentos até as tarifas de energia elétrica.

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    A conferência de Bonn, realizada em junho na Alemanha, e a Pré-COP de Brasília em outubro tentaram pavimentar convergências entre os países. Porém, a ausência de anúncios concretos durante a Cúpula de Líderes que antecedeu a COP30 frustrou expectativas de que compromissos mais robustos seriam apresentados logo na abertura do evento.

    O prazo de dez anos desde a assinatura do Acordo de Paris em 2015 adiciona simbolismo às negociações de Belém. A conferência precisa demonstrar que os mecanismos criados há uma década podem efetivamente conter o aquecimento global, transformando documentos assinados em ações implementadas no terreno.

    A realização da COP30 na Amazônia, bioma que regula o clima global e abriga a maior biodiversidade do planeta, coloca em evidência a contradição entre a urgência climática e a lentidão das respostas institucionais. Os próximos dias revelarão se as negociações conseguem superar a chamada crise de confiança instalada após décadas de promessas não materializadas.

    As discussões prosseguem até 21 de novembro, quando a comunidade internacional saberá se Belém marcará um ponto de inflexão nas ações climáticas globais ou se repetirá o padrão de conferências anteriores, com acordos celebrados que posteriormente não encontram implementação efetiva nos territórios nacionais.

    Por Mídia Mineira.

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