Profissionais ameaçam, mais uma vez, suspender atendimentos caso pagamentos não sejam realizados imediatamente
Os profissionais da medicina que trabalham no setor de urgência do Hospital de Cataguases formalizaram, nesta segunda-feira (27), uma notificação extrajudicial direcionada à empresa responsável pela gestão dos serviços, além de diversas autoridades públicas como prefeito e Ministério Público. O documento, que tem 11 páginas, revela uma situação de inadimplência que se arrasta há semanas e coloca em risco a continuidade do atendimento à população.
A questão central envolve a MAM Soluções e Saúde Ltda, contratada para administrar o atendimento médico no pronto-socorro. Segundo a notificação elaborada pelo advogado Rafael Vilela Andrade, a empresa deixou de cumprir os prazos estabelecidos em contrato para o repasse dos honorários aos profissionais. O acordo previa pagamento quando o Hospital realizasse o repasse à MAM ou, no máximo, em 40 dias úteis pela própria empresa.
O problema ganhou contornos mais graves após a troca de gestão. A instituição hospitalar rompeu anteriormente com a empresa Daher e Mansur, que, conforme relatado pelos médicos, mantinha os pagamentos em dia independentemente dos repasses. A atual administradora assumiu o compromisso de garantir a regularidade financeira em reunião realizada no início de setembro, com presença do Ministério Público, Defensoria Pública, Conselho Municipal de Saúde e outras autoridades.
Os plantonistas destacam no documento que além da ausência de pagamento, estão sendo obrigados a emitir notas fiscais e recolher impostos sobre serviços que ainda não foram remunerados. A notificação aponta que tanto o Hospital de Cataguases quanto a empresa terceirizada não apresentaram qualquer previsão ou justificativa para regularizar a situação.
O documento formaliza a exigência de pagamento imediato dos valores devidos, acrescidos de multa contratual de 20% sobre o montante dos plantões mensais em atraso. Os profissionais fundamentam suas reivindicações nos artigos 394, 408, 475 e 476 do Código Civil, que tratam de mora contratual, cláusula penal e exceção de contrato não cumprido.
Caso não haja solução imediata, os médicos advertem que suspenderão a prestação de serviços. A notificação deixa claro que a responsabilidade por eventuais prejuízos à população recairá sobre a empresa, o Hospital e o Município de Cataguases. O texto também menciona que medidas judiciais serão adotadas para garantir o recebimento dos créditos e reparação de danos.
Além da MAM Soluções e Saúde e do Hospital de Cataguases, receberam cópias da notificação o Ministério Público Estadual, a Prefeitura Municipal, a Defensoria Pública e o Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais. A estratégia visa mobilizar diferentes instâncias para a resolução do impasse.
Segundo informações de um conselheiro, o Conselho Municipal de Saúde (CMS) recomendou o cancelamento do contrato com a empresa MAM, conforme deliberação da última reunião, em setembro. A decisão do CMS foi fundamentada em um relatório técnico elaborado pelo presidente da Comissão de Fiscalização, Finanças e Intervenção, Rogério Tobias Norte. O documento levantou o questionamento sobre a validade do vínculo contratual, ao apontar a ausência de um requisito fundamental para a prestação de serviços médicos no estado de Minas Gerais: o certificado de registro ativo no Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRM-MG), a empresa possui registro apenas no Rio de Janeiro. Até o momento, o corpo interventor não se manifestou publicamente sobre a recomendação ou sobre as medidas a serem adotadas.
Os profissionais alegam que a situação atual representa não apenas um descumprimento contratual, mas também desrespeito à classe médica e precarização das condições de trabalho. Segundo o documento, a ausência de remuneração adequada pode comprometer a qualidade do atendimento prestado à comunidade.
A administração do Hospital de Cataguases foi procurada pela reportagem, mas não apresentou posicionamento oficial até o momento da publicação desta matéria. A MAM Soluções e Saúde também não se manifestou publicamente sobre as acusações apresentadas pelos plantonistas.
O episódio expõe fragilidades na gestão dos serviços de saúde no município e levanta questionamentos sobre o processo de contratação e fiscalização das empresas terceirizadas. A falta de transparência e comunicação entre as partes agrava a crise que pode resultar em desassistência à população.
A notificação extrajudicial estabelece prazo para resposta, sendo que o silêncio será interpretado como recusa tácita, abrindo caminho para ações nas esferas administrativa, judicial e ética. Os desdobramentos desta crise podem impactar diretamente o funcionamento de um dos principais serviços de urgência da região.
Nossa reportagem também não conseguiu contactar a MAM, mas a expectativa é que o pagamento seja depositado ainda nesta semana.
Por Mídia Mineira.
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