Universidade Federal de Viçosa obtém autorização para construir primeiro banco genético de Cannabis do Brasil

Projeto visa pesquisa e desenvolvimento sustentável da planta para fins medicinais e industriais.

Imagem: Vecteezy.

A Universidade Federal de Viçosa (UFV) conseguiu, por meio de uma liminar na Justiça, a autorização para criar o primeiro banco genético de Cannabis sativa L. no Brasil. O projeto, pioneiro no país, visa coletar, preservar e estudar variedades da planta, que possui aplicações em áreas como medicina, produção de fibras, bioplásticos, alimentos não psicoativos e biocombustíveis. A iniciativa representa um marco para a pesquisa científica nacional, possibilitando o desenvolvimento de estudos focados em segurança e sustentabilidade.

A Sociedade Brasileira de Estudo da Cannabis Sativa (SBEC) confirmou o caráter inovador do projeto, mas a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), responsável pela regulamentação de pesquisas com cannabis, não forneceu mais detalhes devido ao sigilo de atividades científicas. O cultivo e uso de cannabis enfrentam obstáculos regulatórios no Brasil, especialmente em razão das propriedades psicoativas da planta, que exigem supervisão para evitar riscos de alterações no humor e comportamento.

Para viabilizar o banco genético, a UFV entrou com uma solicitação junto à Anvisa, em outubro de 2023, pedindo autorização para o cultivo de aproximadamente 5 mil pés de cannabis de diversas variedades. Segundo o professor Derly José Henriques da Silva, do Departamento de Agronomia da universidade, a intenção é estruturar uma fonte segura de germoplasma para pesquisas futuras, com o objetivo de facilitar estudos e desenvolver variedades que possam ser aplicadas em setores diversos.

O projeto, após quatro anos de negociações e análises, recebeu autorização judicial por meio de um habeas corpus concedido pela Justiça Federal de Viçosa, ligada ao Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF6). Com isso, a construção do Banco de Germoplasma foi liberada, e a UFV anunciou que seguirá todas as normas brasileiras e internacionais de segurança. A instituição declarou ainda que, caso haja qualquer obstáculo judicial, buscará recorrer às instâncias superiores para garantir a continuidade do projeto.

A UFV iniciou a construção do banco em uma área de quase um hectare no campus de Viçosa. Foto: UFV/Divulgação.

Em parceria com a empresa Cannabreed Technology Brasil Ltda, a UFV iniciou a construção do banco em uma área de quase um hectare no campus de Viçosa. O investimento, estimado em R$ 1,5 milhão, está sendo aplicado na instalação de estruturas de segurança e monitoramento, essenciais para o desenvolvimento controlado das pesquisas. A previsão é que as obras sejam concluídas no início de 2025, quando o banco estará pronto para receber as sementes e dar início ao cultivo.

O professor Derly ressalta que o projeto é uma resposta ao aumento da demanda por medicamentos à base de canabinoides, cujos preços elevados tornam-se inacessíveis para muitos pacientes. “O Brasil tem o clima e as condições de solo ideais para explorar o potencial dessa planta. Com esse banco, esperamos contribuir para a pesquisa agronômica e permitir uma produção segura e sustentável da cannabis, ajudando a reduzir custos no futuro”, explica o professor.

A construção do banco de germoplasma representa um passo significativo para o Brasil no campo da pesquisa científica com cannabis, possibilitando ao país avançar no desenvolvimento de soluções medicinais e industriais de alto valor agregado. A UFV reforça seu compromisso com a ética e a segurança, buscando posicionar-se como um centro de excelência em pesquisas sobre cannabis na América Latina.

Por Mídia Mineira com informações do G1.

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