Picanha permanece um sonho distante para a população de baixa renda, enquanto o ovo se torna a alternativa acessível.
O aumento significativo no preço das carnes bovinas, impulsionado por fatores climáticos e alta demanda de exportação, contribuiu para a inflação acima do esperado em outubro, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com a alta acumulada nos últimos dois meses, a carne bovina se destacou como um dos maiores responsáveis pela pressão inflacionária no setor de alimentos.
Entre os cortes que mais encareceram, destacam-se o acém, que subiu 9,09%, seguido pela costela, com 7,4%, e contrafilé, com 6,07%. Em outubro, o preço da carne já havia avançado 2,97% em relação a setembro, totalizando uma alta acumulada de 8,95% apenas em dois meses. A tendência, de acordo com especialistas, é que os preços continuem a subir, considerando o cenário de exportações aquecidas e a influência de condições climáticas adversas sobre a produção.
A oferta reduzida de carne no mercado interno é resultado da menor quantidade de animais abatidos e da forte demanda internacional, especialmente da China, favorecida pela alta do dólar. "O Brasil exporta cerca de 40% da sua produção de carne bovina, um volume bem acima dos 25% registrados no início da década", explica Fernando Iglesias, coordenador de pecuária da consultoria Safras & Mercado. A valorização do dólar frente ao real torna as exportações mais atraentes, mas reduz a disponibilidade para o mercado interno, impactando diretamente os preços.
Diante dos preços elevados, muitos brasileiros têm buscado alternativas mais acessíveis. Segundo levantamento da consultoria Scanntech, o consumo de ovos aumentou 27,1% e o de peixes 6,2% em setembro deste ano, comparado ao mesmo mês de 2023. A alta nos preços das carnes também afeta a alimentação fora de casa, que registrou aumento de 0,65% no último mês.
Por outro lado, alguns alimentos registraram quedas em outubro. As frutas e verduras apresentaram redução de preços, com destaque para a manga (-17,97%) e a cebola (-16,04%). No entanto, a tendência de substituição da carne vermelha por ovos e outros alimentos deve continuar, uma vez que as projeções indicam novos aumentos no valor dos cortes bovinos nos próximos meses, especialmente com a continuidade das exportações elevadas e as condições climáticas desfavoráveis.
A situação reforça o papel do Brasil como um dos maiores exportadores globais de carne bovina, suprindo uma demanda mundial em alta, mas que gera reflexos significativos no bolso do consumidor local.
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