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    segunda-feira, 11 de agosto de 2025

    Médicos ameaçam paralisação no Hospital de Cataguases e funcionários estão desmotivados

    Balanço da Intervenção: Corpo clínico denuncia falta de pagamento desde junho, enquanto funcionários relatam ambiente de tensão e falta de insumos, além de outros problemas


    A situação do Hospital de Cataguases (HC) ganhou contornos ainda mais dramáticos após revelações que expõem uma gestão marcada por atrasos salariais, mudanças contratuais unilaterais e um ambiente de trabalho deteriorado. O cenário crítico se intensificou quando médicos cirurgiões e plantonistas emitiram um comunicado oficial estabelecendo prazo até 15 de agosto para regularização dos pagamentos, sob pena de paralisação dos serviços.

    Segundo investigação do Site Mídia Mineira, o quadro de instabilidade se aprofundou significativamente após a intervenção municipal realizada pelo prefeito José Henriques durante o período pré-eleitoral de 2024. Desde então, múltiplas denúncias convergem para evidenciar um padrão de gestão que tem gerado insatisfação generalizada entre os profissionais da saúde.

    Os salários dos plantonistas de junho, que deveriam ter sido quitados em 25 de julho, permanecem em aberto, gerando incertezas sobre o pagamento de julho, previsto para 25 de agosto. A situação se agravou com a mudança abrupta da empresa responsável pelos plantões médicos, quando a MAM substituiu a Clínica Médica Daher e Mansur sem comunicação prévia, deixando pendências financeiras não resolvidas.


    Particularmente controversa é a pressão exercida sobre os médicos para aderirem a uma Sociedade em Conta de Participação (SCP), modalidade empresarial que, segundo especialistas consultados, pode caracterizar prática abusiva. Esse modelo retira direitos trabalhistas dos profissionais e os submete a riscos financeiros, incluindo a possibilidade de não receberem remuneração caso a operação apresente déficit ou não pagamento por parte do Hospital.

    O ambiente de trabalho no hospital também se deteriorou drasticamente, conforme relatos de funcionários que preferem manter anonimato por temor de represálias. As denúncias incluem a instalação de câmeras com áudio para monitoramento das conversas, ameaças de demissão e ausência de reajustes salariais e de vale-alimentação. Essa atmosfera de pressão tem levado diversos profissionais a solicitarem atestados médicos.

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    A questão dos insumos médicos representa outro ponto crítico da atual gestão. Funcionários relatam escassez e racionamento de materiais essenciais, situação que contrasta com o período anterior à intervenção. Simultaneamente, há denúncias sobre contratações desnecessárias, sugerindo má gestão dos recursos humanos disponíveis.

    A sobrecarga do sistema se intensificou com o recebimento irregular de ambulâncias de municípios não pactuados. Veículos do Rio de Janeiro e de Miraí, que deveria encaminhar pacientes para Muriaé, têm transferido casos para Cataguases, sobrecarregando a UTI e forçando atendimentos em ambulatórios para pacientes que necessitariam de cuidados intensivos.

    A análise dos contratos revela discrepâncias significativas nos valores divulgados pela gestão municipal. Enquanto a nova empresa MAM recebe R$ 818.108,80 mensais, o contrato anterior com a Daher e Mansur custava R$ 828.790,00, representando economia de apenas R$ 128.174,40 anuais, bem distante dos "quase R$ 700 mil" anunciados pela intervenção.

    Dados obtidos pelo Site Mídia Mineira indicam que antes da intervenção municipal, o Pronto Socorro operava com custo aproximado de R$ 680 mil mensais. Comparativamente, isso representaria economia anual de R$ 1.657.305,60 em relação ao contrato atual, ou R$ 1.785.480,00 considerando o contrato anterior, evidenciando que a intervenção resultou em aumento significativo dos custos operacionais.

    O comunicado oficial do corpo clínico médico expõe formalmente a gravidade da situação, destacando que a mudança da empresa administradora ocorreu "sem qualquer comunicação ou aviso prévio". Os profissionais enfatizam que mantiveram historicamente "relacionamento pautado pela transparência, honestidade e cumprimento das obrigações contratuais" com a empresa anterior.

    A ameaça de paralisação, estabelecida para 16 de agosto caso não haja regularização dos pagamentos, representa risco concreto para o atendimento da população regional. Os médicos reafirmam seu "compromisso com a saúde e bem-estar dos pacientes", mas defendem "o respeito aos direitos e à dignidade dos profissionais médicos".

    A falta de transparência administrativa representa elemento adicional de preocupação, uma vez que não há clareza sobre se a prefeitura está cumprindo os valores pactuados para gestão do pronto socorro. Essa opacidade impede avaliação adequada da eficiência dos recursos públicos aplicados na saúde municipal.

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    A administração do Hospital de Cataguases foi procurada para esclarecimentos sobre as denúncias apresentadas, mas até o fechamento desta matéria não forneceu resposta oficial sobre as questões levantadas pelos profissionais e funcionários da instituição.

    O cenário descrito configura crise multifacetada que compromete tanto a qualidade do atendimento quanto a sustentabilidade do sistema de saúde local. A resolução dessa situação demanda urgência, considerando que o prazo estabelecido pelos médicos se aproxima e as consequências para a população podem ser severas caso não haja solução negociada.

    As revelações sobre o Hospital de Cataguases evidenciam como mudanças administrativas realizadas sem planejamento adequado e transparência podem comprometer serviços essenciais, gerando custos mais elevados para o poder público e deterioração das condições de trabalho dos profissionais de saúde.

    Confira abaixo a nota do clínico na íntegra:

    COMUNICADO OFICIAL

    Ao Hospital de Cataguases e à população em geral:

    Nós, médicos cirurgiões gerais e plantonistas do Hospital de Cataguases, vimos a público manifestar nossa insatisfação e preocupação diante da atual situação administrativa relacionada à gestão dos plantões médicos.

    Historicamente, sempre desempenhamos nossas funções com ética, compromisso e responsabilidade, cumprindo integralmente o nosso dever de oferecer assistência de qualidade e segura aos nossos pacientes. Desde o início de nossa parceria com a empresa Clinica Médica Daher e Mansur o relacionamento sempre foi pautado pela transparência, honestidade e cumprimento das obrigações contratuais, incluindo o pagamento em dia pelos serviços prestados.

    No entanto, no início de agosto de 2025, fomos surpreendidos pela informação de que a empresa MAM passaria a ser a nova administradora dos plantões, sem qualquer comunicação ou aviso prévio à empresa anteriormente responsável. Como consequência dessa mudança repentina, o Hospital de Cataguases mantém, desde junho de 2025, valores em aberto com a empresa Daher e Mansur, não efetuando o repasse devido aos médicos plantonistas. Ressaltamos que, segundo relatos, não houve por parte da administração hospitalar nenhuma proposta de acordo ou garantia concreta para a regularização dessa pendência.

    Diante desse cenário, declaramos que continuaremos prestando todo o atendimento e assistência aos pacientes do Hospital até o dia 15/08/2025 e caso não haja o devido acerto financeiro, a partir do dia 16/08/2025 não trabalharemos mais sem a devida remuneração pelos serviços prestados. Caso a situação persista, lamentavelmente, a maior prejudicada será a população, que poderá sofrer com a redução ou paralisação de atendimentos na área de Cirurgia Geral.

    Reafirmamos nosso compromisso com a saúde e bem-estar dos pacientes, mas também defendemos, com igual firmeza, o respeito aos direitos e à dignidade dos profissionais médicos.

    Cataguases, 09 de agosto de 2025.

    Corpo Clínico de Cirurgia Geral do Hospital de Cataguases


    Por Mídia Mineira.

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