Taxa de juros atinge maior patamar desde 2006, refletindo cautela do Copom diante de inflação persistente e cenário global adverso
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Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil. |
O Banco Central do Brasil anunciou, nesta quarta-feira (7), a elevação da taxa Selic em 0,5 ponto percentual, alcançando 14,75% ao ano. A decisão, tomada por unanimidade pelo Comitê de Política Monetária (Copom), marca a sexta alta consecutiva dos juros básicos da economia e posiciona a taxa no maior nível desde agosto de 2006. O ajuste reflete a tentativa de conter pressões inflacionárias impulsionadas por fatores como a alta nos preços de alimentos e energia, além de incertezas no cenário econômico global.
A decisão do Copom estava alinhada com as expectativas do mercado financeiro, que já previa o aumento de meio ponto percentual. Em comunicado, o comitê destacou que o ambiente de elevada incerteza exige cautela na condução da política monetária. A ausência de indicações claras sobre os próximos passos do Banco Central reforça a postura de flexibilidade diante de novos dados econômicos, especialmente aqueles relacionados à dinâmica da inflação.
Entre os fatores que justificam a alta da Selic, o Copom apontou o cenário externo adverso, com destaque para as tensões comerciais iniciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A guerra comercial tem gerado incertezas sobre o ritmo da economia global, com impactos diretos na inflação de diversos países, incluindo o Brasil. No âmbito doméstico, a política fiscal expansionista, com despesas públicas elevadas, também contribui para a pressão sobre os preços.
Economistas do mercado financeiro avaliam que o Copom adotou um tom mais neutro em sua comunicação, sugerindo que o ciclo de aperto monetário pode estar próximo do fim. Caio Megale, economista-chefe da XP, afirmou que a inflação elevada e a atividade econômica robusta justificam a manutenção de juros altos por um período prolongado. No entanto, ele acredita que uma última alta de 0,25 ponto percentual pode ocorrer, dependendo dos próximos indicadores econômicos.
Outro ponto destacado por analistas é a mudança no balanço de riscos para a inflação. Diferentemente de reuniões anteriores, o Copom passou a considerar riscos tanto de alta quanto de baixa, influenciado pela queda na projeção de inflação do Banco Central, que foi de 3,9% em março para 3,6% na reunião atual. Para Luis Cezario, da Asset 1, essa alteração sinaliza maior flexibilidade do comitê, que pode optar por pausar os aumentos já na próxima reunião, em junho.
A alta da Selic consolida um ciclo de aperto monetário iniciado em setembro do ano passado, quando a taxa estava em 10,5% ao ano. Desde então, o Copom implementou uma série de aumentos, com ajustes que variaram entre 0,25 e 1 ponto percentual. Para Daniela Lima, da Kinea, o comunicado do Banco Central indica uma predisposição maior para encerrar o ciclo de altas, embora a porta permaneça aberta para um ajuste residual de 0,25 ponto, caso o cenário inflacionário se agrave.
O Copom enfatizou que a condução da política monetária seguirá dependente da evolução dos dados econômicos. A próxima reunião, marcada para meados de junho, será crucial para definir se a Selic permanecerá em 14,75% ou se haverá novos ajustes. Enquanto isso, o mercado financeiro acompanha de perto os desdobramentos da economia global e os indicadores domésticos, que serão determinantes para os rumos da política monetária brasileira.
Por Mídia Mineira.
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