Redução entra em vigor nesta terça-feira e pode gerar economia de R$ 0,12 por litro ao consumidor final, mas especialistas questionam motivação da medida
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A estatal brasileira de petróleo comunicou na segunda-feira (2) uma diminuição no valor da gasolina A comercializada às empresas distribuidoras, com vigência a partir desta terça-feira (3). O ajuste representa um corte de 5,6% no preço médio, que passará de R$ 3,02 para R$ 2,85 por litro.
A alteração no valor cobrado pela petroleira resultará em uma economia direta de R$ 0,17 por litro para as distribuidoras. Para os motoristas que abastecem nos postos, considerando a composição da gasolina comum com 27% de etanol anidro, a redução estimada é de R$ 0,12 por litro, segundo cálculos da própria companhia.
O movimento da Petrobras ocorre em um cenário de declínio dos preços internacionais do petróleo, tendência observada desde o início de 2025. A empresa destaca que, desde dezembro de 2022, já acumula uma redução de R$ 0,22 por litro no combustível destinado às distribuidoras, representando uma queda total de 7,3% no período.
Profissionais do mercado financeiro que acompanham o setor demonstram ceticismo em relação ao timing da decisão. Segundo análises de especialistas, o preço da gasolina no mercado interno já estava alinhado com os valores internacionais, sem pressão aparente para novos cortes neste momento.
A suspeita de alguns analistas é que a redução possa estar relacionada a uma possível elevação da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), tributo federal incidente sobre combustíveis. Essa estratégia permitiria ao governo aumentar a arrecadação sem impacto direto no bolso do consumidor, uma vez que o corte na refinaria compensaria o aumento do imposto.
A Cide havia sido zerada pelo governo anterior em 2022, durante o período eleitoral, e voltou a ser aplicada em 2023, no início da atual administração federal. O tributo é tradicionalmente utilizado como instrumento de política econômica para amenizar oscilações no mercado.
João Carlos Dal'Aqua, presidente do sindicato que representa os postos de combustíveis no Rio Grande do Sul (SulpetroRS), afirma que o setor não possui informações oficiais sobre eventual aumento da Cide, mas considera a possibilidade plausível, dado o histórico de uso deste tributo em ajustes econômicos.
Por outro lado, Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), não acredita em elevação imediata da Cide, embora reconheça que tal medida faria sentido do ponto de vista econômico para incentivar o consumo de etanol, combustível considerado mais sustentável.
O especialista identifica motivação política na decisão da Petrobras, especialmente considerando que os preços internos já estavam equilibrados com os valores praticados no exterior, diferentemente de situações anteriores quando havia pressão real por ajustes.
No Distrito Federal, o Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicombustíveis-DF) confirmou que a redução será repassada aos consumidores. Paulo Tavares, presidente da entidade, explicou que aproximadamente 70% do corte da Petrobras chegará às bombas dos postos.
A implementação da nova tarifa pode ocorrer de forma imediata ou gradual, dependendo da política de cada distribuidora e do volume de estoque com o preço anterior ainda em seus depósitos.
É importante ressaltar que o valor cobrado pela Petrobras representa apenas cerca de um terço do preço final pago pelos motoristas. O restante é composto por margens de distribuidoras e revendedores, custo do etanol anidro, impostos federais como PIS, Cofins e Cide, além do ICMS estadual, cuja alíquota varia conforme cada unidade da federação.
Os demais combustíveis comercializados pela estatal mantêm seus preços inalterados, segundo o comunicado oficial da empresa.
Por Mídia Mineira.
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