Provedor, prefeito e promotor também falaram sobre o assunto
A partir de hoje, sexta-feira, 1º de maio, o Hospital de Cataguases (HC) muda seu nível para pior, de Nível II para Nível III. A mudança aconteceu por decisão da Mesa Diretora da entidade e, na prática, a principal alteração sentida será no atendimento do Pronto Socorro Municipal, serviço terceirizado por aquela Santa Casa, que passa a contar com apenas dois médicos plantonistas presentes, ao invés de seis.
Conforme o Site Mídia Mineira apurou, com o Nível II, o Hospital de Cataguases era obrigado a manter um quadro de plantão presencial de pelo menos seis especialidades médicas: Anestesiologia, Clínica Médica, Pediatria, Cirurgia Geral, Ortopedia e Obstetrícia. A partir de hoje, regredindo para o Nível III, o hospital terá obrigação de manter apenas dois médicos presenciais de Clínica Médica, ficando as demais especialidades em regime de sobreaviso, ou seja, o profissional fica em casa aguardando o chamado.
Para saber como a mudança irá impactar a vida da população de Cataguases, o site Mídia Mineira ouviu o presidente do Conselho Municipal de Saúde, o médico Joseph Freire; o provedor do Hospital de Cataguases, o contador José Roberto Furtado; o Coordenador Regional das Promotorias de Justiça de Defesa da Saúde da Macrorregião Sanitária Sudeste, o promotor Rodrigo Barros e o prefeito de Cataguases, Willian Lobo de Almeida.

Já para o médico Joseph Freire, a culpa por não encontrar médico plantonista é do próprio HC, que "pegou a fama de mal pagador", pois ainda deve para os profissionais, plantões dos meses de outubro, novembro, dezembro de 2018 e janeiro de 2019, além de também estar devendo para os médicos seis meses de Autorização de Internação Hospitalar (AIH). Segundo ele, isso acontece apenas com os médicos, pois os demais funcionários estão recebendo normalmente. "Aposto com você que não tem nenhum enfermeiro, ou técnico de enfermagem, ninguem da diretoria, ninguém do secretariado, não tem nenhum funcionário do hospital atrasado. [...] Qual empresa que você conhece em Cataguases que deve o mês de outubro para o funcionário? [...] Como que o hospital vai contratar profissionais médicos se ele não faz o dever de casa que é pagar os médicos?", questionou.

Com a mudança de nível, as prefeituras também poderão solicitar uma revisão para baixo no valor que é pago hoje para o Pronto Socorro, uma vez que haverá menos médicos, no entanto, o provedor disse para o Site Mídia Mineira que o valor atual já não cobre o necessário para manter o serviço. "Eu não abro mão de receber o que tem lá, pois os meus custos se mantém, água, luz, telefone, funcionário, remédio... Isso será uma discussão pra frente. Dos R$ 404 mil, normalmente eu pago cerca de R$ 450 mil, ou seja, não cobre. R$ 404 mil é só para os médicos e o resto?". O provedor deixou claro que este valor precisará passar por uma discussão posterior, pois a situação não pode continuar como está.
"A coisa vem acontecendo de tal maneira, em plena epidemia de Covid-19. Nós estamos vivendo um momento crítico nacional e internacional com uma perda de arrecadação e de recursos que eu não sei qual será o nosso final, tudo hoje é muito incerto", finalizou o médico.

O prefeito Willian Lobo, disse que será necessário uma discussão em torno da planilha de custo para saber qual será o valor que deverá ser repassado pela prefeitura nesta nova realidade. "Eu tenho certeza que vai sobrar o dinheiro, mas não pode pegar o dinheiro que é do Pronto Socorro e pagar outras finalidades, já que o dinheiro é destinado para o Pronto Socorro", disse. Segundo o prefeito, o Hospital também recebe por paciente atendido (produção) e este valor não é computado na planilha.
O prefeito também reclamou de um valor de R$ 500 mil que o Município depositou para o Hospital, como parte de um precatório de 2008, que a Santa Casa não quis sacar. "O que eu fiquei sabendo é que o Hospital mandou um ofício querendo os R$ 2,3 milhões (valor total do precatório), isso não é parceria, é querer quebrar e fechar a prefeitura", protestou. O prefeito acha que alguns membros da administração do HC estão agindo de forma política, devido este ano ser ano eleitoral. "Tem membros do Hospital que são adversários políticos e estão levando a coisa para o lado político. Quando você protocola um ofício pedindo para o prefeito de Cataguases pagar R$ 2,3 milhões, quando este já está honrando com o repasse do Pronto Socorro, é querer quebrar a prefeitura, é politicagem", desabafou.
Por fim, Willian solicitou que os vereadores realizem uma audiência pública para discutir o tema.
*Matéria Atualizada em 02/05/2020 às 10:23
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